Perguntas Rápidas

Bem-vindo ao + Social


Este pequeno blog foi criado no âmbito da unidade curricular Laboratório Social I da licenciatura em Serviço Social da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Leccionado pela docente Clara Cruz Santos tem como objectivo informar e sensibilizar as pessoas para o que é ser assistente social.

Aqui abordamos temas como:
  • A origem do SS
  • Definição de SS
  • O que é uma profissão
  • A evolução do SS como profissão
  • A especificidade do SS como profissão
  • As características pessoais e técnicas do AS
  • As áreas de intervenção do SS

A origem do Serviço Social


No que se refere à génese e natureza do Serviço Social aparecem duas teses distintas: A perspectiva endogenista que sustém o surgimento do Serviço Social na evolução e profissionalização das formas de ajuda, caridade e filantropia. Nesta perspectiva a profissão é vista a partir de si mesma. Os autores não consideram o real como fundamento e causa da génese e desenvolvimento profissional associando as etapas do Serviço Social a momentos históricos. Os defensores desta perspectiva eram essencialmente provenientes de um Serviço Social tradicional e aqueles que entendem os “antecedentes” do mesmo como sendo qualquer forma anterior de ajuda retomando a sua análise à Idade Média.

A segunda perspectiva é a histórico-crítica que surge em oposição à anterior. Entende o aparecimento da profissão como o resultado da síntese dos projectos político-económicos que ocorrem num desenvolvimento histórico. Considera o assistente social como um profissional que desempenha um papel político tendo uma função que não se explica por si mesma, mas pela posição que este ocupa na divisão do trabalho. Esta tese parte de uma visão totalizante que vê surgir a profissão associada a uma ordem socioeconómica determinada e a um contexto específico. Constitui o assistente social como um executor terminal de políticas sociais.

Em suma a primeira tese vinculada à perspectiva evolucionista e endogenista compreende que a legitimidade do Serviço Social assenta na “especificidade” da sua prática profissional. Entende como específico do Serviço Social a prestação de serviços direccionados aos sectores empobrecidos e carentes da população bem como uma pesquisa social orientada para a acção. Esta perspectiva revelou-se rígida e descontextualizada historicamente no que diz respeito aos processos de atribuição de resposta às necessidades sociais.

A perspectiva histórico-crítica parte de um Serviço Social legitimada oficialmente pelo papel que cumpre na e para a ordem burguesa mediante a sua participação fundamentalmente no Estado como executor terminal de politicas sociais. Desempenha funções de controlo e apaziguamento da população em geral e das classes trabalhadoras em particular conduzindo à acumulação capitalista.

Definição de Serviço Social

“A profissão de Assistente Social promove a mudança social, a resolução de problemas no contexto das relações humanas e a capacitação e empenhamento das pessoas na melhoria do ‘bem-estar’. Aplicando teorias do comportamento humano e dos sistemas sociais, o trabalho social focaliza a sua intervenção na relação das pessoas como meio que as rodeia. Os princípios dos direitos humanos e da justiça social são fundamentais para o serviço social” (IFSW)




O que é uma profissão ?


Relativamente à conceptualização de profissão podemos distinguir dois grandes períodos: o primeiro remonta aos anos anteriores à década de 70 do séc. XX e que era dominado pelas ideias funcionalistas e interaccionistas. As primeiras pressupunham a profissão como uma comunidade relativamente uniforme onde os profissionais partilham identidades, valores, definição de papéis e de interesses e privilegiavam aspectos respectivos à organização da institucionalização da profissão. O interaccionismo defende que é necessário conhecermos a profissão em todos os seus aspectos e os motivos que levaram à sua institucionalização. Os interaccionistas dão enfâse à vertente subjectiva das relações entre e pessoa e o profissional, os vários grupos profissionais e, ainda, entre os indivíduos do mesmo grupo profissional. Estas duas vertentes ignoram as condições socioeconómicas e os processos culturais nas quais se desenvolvem o processo de profissionalização, e por isso não têm em conta o contexto social. O segundo período é posterior à década de 70 e é marcado pelo aparecimento de uma pluralidade de teorias. Apesar da variedade de teorias agora existentes, todas elas assentam em princípios comuns tais como: a ligação entre as tarefas para as quais existe um mercado; a formação fornecida pelo sistema de educação; o acesso e controlo dos trabalhadores especializados no desempenho das suas funções.

Em 1915 Flexner reconheceu seis traços profissionais comuns a todas as profissões:

·         As profissões lidam com operações intelectuais associadas a uma elevada responsabilidade individual:

·         Os seus materiais de base são retirados da ciência e de um saber teórico;

·          A sua aplicabilidade terá uma finalidade socialmente útil e com elevado carácter pragmático;

·         As profissões são transmitidas e desenvolvidas num contexto de um ensino formalizado;

·         As profissões tendem a auto-organizar-se em associações;

·         Os fins das profissões e dos respectivos elementos devem ter um caracter altruísta com responsabilidade moral.

Segundo estes critérios só o Direito e Medicina eram considerados profissões.

A constituição das profissões segundo Dubar (2000) e Rodrigues (2002) decorreria de:

·         A especialização de serviços de forma a satisfazer uma determinada clientela;

·         A criação de associações profissionais que controlam as regras de conduta profissional (códigos éticos e deontológicos);

·         A existência de uma formação específica fundada num corpo organizado de teorias, permitindo a aquisição de uma cultura profissional.

Já Wilenski (1964) apresentou os seguintes critérios:                          

·         A passagem de actividade amadora a ocupação a tempo inteiro;

·         Estabelecimento de controlo sob a formação;

·         Criação de associações profissionais;

·         Protecção legal;

·         Existência de códigos de ética.

A evolução do Serviço Social como profissão


O conceito de profissão alia-se a outro elemento-chave de análise: o de identidade profissional. Este novo elemento para além de se fundamentar e partilhar nos elementos constituintes da profissão, engloba outros mecanismos de unificação e simultaneamente de diferenciação que permitem ao assistente social construir a própria história.

De acordo com os atributos acerca do conceito de profissão distinguidos por Flexner (1915):

1.       As profissões lidam com operações intelectuais associadas a uma elevada responsabilidade individual;

2.       Os seus materiais de base são retirados da ciência e de um saber teórico;

3.       A sua aplicabilidade terá uma finalidade socialmente útil e com elevado carácter pragmático;

4.       As profissões são transmitidas e desenvolvidas no contexto de um ensino formalizado;

5.       As profissões tendem a auto-organizarem-se em associações;

6.       Os fins das profissões e dos respectivos elementos devem ter um carácter altruísta e com responsabilidade moral.

Pode-se concluir que o Serviço Social não pode ser considerado uma profissão pois não cumpre os seguintes critérios:

1 – Os assistentes sociais não assumem responsabilidade final nas suas actividades, servindo como mediadores entre vários profissionais;

2 – Falta ao Serviço Social um fim definido e específico no exercício da sua actividade;

5 – O Serviço Social tem dificuldades em encontrar um corpo organizado de técnicas e saberes específicos.

Posteriormente, em 1957 Greenwood conclui que o Serviço Social é uma profissão pois podiam ser revistos nele os seguintes critérios, partindo da premissa que este é uma disciplina das Ciências Sociais:

- importância de uma teoria sistemática;

- a autoridade profissional decorrente de um conhecimento especializado;

- a existência de um corpo de valores identificável num código de ética profissional;

- uma cultura profissional decorrente da existência de organizações e instituições.

A reflexão sobre a construção social da profissão do Serviço Social tem analisado aspectos que se relacionam com a “profissionalidade” do Serviço Social reconhecida social e estatuariamente, com as dificuldades deste processo relacionadas com a especificidade teórica e prática, e com a sua relação com as Ciências Sociais e o seu enquadramento enquanto disciplina científica.

A especificidade do Serviço Social como profissão


O campo de actuação profissional em conjunto com os contornos socio-históricos da emergência do Serviço Social como profissão, complexificam a discussão da especificidade profissional do Serviço Social. Esta complexidade profissional provém dos seguintes factores, identificados por Netto:

·         O universo problemático em que se move, tendo em conta a dialéctica existente entre os pedidos de sociais e as exigências histórico-sociais, no que se refere à resolução da questão social;

·         A natureza difusa do Serviço Social deriva de dificuldades de sistematização metodológica e definição de um campo objectivo de intervenção, cuja inexistência proporciona uma diversidade de intervenções profissionais;

·         O horizonte do Serviço Social que incide na heterogeneidade do quotidiano social, de onde emerge um crescente elenco de especializações profissionais;

·         As modalidades específicas de intervenção profissional.

Falcão define a prática do Serviço Social como condicionante de um “conjunto de forças”, onde actuam actores sociais e os seus contextos.

As características pessoais e técnicas do Assistente Social


As qualidades humanas representam um papel mais importante do que os conhecimentos e o próprio domínio das técnicas uma vez que é mais difícil ensinar um sentido de serviço ou compromisso a uma pessoa com amplos conhecimentos e capacidades técnicas do que dar esses mesmos conhecimentos e técnicas a uma pessoa com qualidades humanas, comprometida com as pessoas.

                Assim, as principais qualidades humanas necessárias para se ser um Assistente Social competente são:

             Sensibilidade social: exige uma capacidade de perceber e responder às necessidades, problemas, emoções, preferências e maneiras de pensar do individuo e daquilo que ele é e quer; capacidade de perceber a dor que não se vê.

             Convicção e confiança nas pessoas e na sua capacidade de realização e resolução dos problemas: é necessário que o trabalhador social esteja convencido de que todas as pessoas são capazes, impulsionando-as a ser protagonistas da resolução dos seus próprios problemas e a sair da sua situação. No entanto isto não basta, é preciso dar às pessoas meios para viver, e ajuda-las ou criar condições para que estas encontrem, antes de mais, uma razão.

             Capacidade para a motivação e estimulo: capacidade de movimentar, orientar e activar comportamentos, de induzir a acção para que o individuo consiga alcançar as suas metas pois, os programas de trabalho social dependem da motivação e interesse das pessoas envolvidas para serem meios activos do próprio processo e na mudança da situação. Para que isso possa acontecer é necessário algum entusiasmo e optimismo. O assistente social tem que ser capaz de gerar iniciativas e sugerir soluções para os problemas, respeitando liberdade de opção e de escolha de cada pessoa.

             Aptidão para o relacionamento humano: capacidade para as boas e para potencializar encontros. Isto não significa que o assistente social tenha que ter um estilo de relacionamento agrade a cada um dos seus clientes mas exige uma táctica de trabalho com base na “sedução” como forma de estabelecer relações de simpatia e de confiança com as pessoas, oferecendo afecto e interesse pelo cliente. Isto exige uma capacidade de superar as situações tensas e de conflitos, assumir a diversidade de maneiras de ser e, também, a capacidade de compreensão das falhas do outro.

             Maturidade humana: assumir a responsabilidade dos seus actos e dos compromissos, perceber os factos de maneira realista, aceitar as outras pessoas como indivíduos únicos, diferentes e insubstituíveis, capacidade de agir com equilíbrio.

             Fortaleza e afinco para vencer dificuldades: é preciso sermos perseverantes e agir sabendo que as dificuldades existem e que temos que ultrapassá-las.

                No entanto, e apesar de estas serem características muito importantes, são necessários, também alguns conhecimentos e tácticas adquiridas durante a formação do profissional.

                São elas:

             Empatia e distanciamento: o assistente social deve criar alguma empatia o cliente, no entanto não se deve envolver demasiado emocionalmente para que se mantenha objectivo e consiga alcançar os seus resultados;

             Pragmatismo e criatividade: o profissional deve ser capaz de criar soluções com base nos recursos disponíveis;

             Sinergia: capacidade de movimentar as várias energias e os seus conhecimentos para a resolução do problema;

             Flexibilidade e coerência: o assistente social deve estar disponível para ouvir o seu cliente sempre que ele a solicita, sem ter um horário rígido. Deve tratar todos os seus clientes de igual forma. 

             Avaliação e estratégia: a avaliação deve sempre ser parte integrante do trabalho de um assistente social por forma de este desenvolver a sua capacidade critica e melhor perceber os seus erros para, assim, desenvolver uma estratégia melhor e mais eficiente.
             Análise e síntese: a análise da intervenção é um factor importante que contribui para uma melhor avaliação e, também, para a síntese dos pontos positivos e negativos que irão contribuir para a definição de uma nova estratégia.

Áreas de Intervenção do Serviço Social


Para Fernandés Garcia (2009) os âmbitos da profissão são:

·         Área do bem-estar - Os serviços sociais

·         Área da saúde

·         Área da educação

·         Área da justiça

·         Área da habitação

·         Desenvolvimento e cooperação

·         Terceiro sector

·         Organizações empresariais

·         Participação e desenhos das políticas sociais

·         Desenhar e coordenar programas e projectos

Segundo a Classificação Nacional das Profissões (IEFP, 1994) os licenciados em Serviço Social desenvolvem a sua actividade profissional numa grande diversidade de instituições:

·         Nos Serviços de Estado, na maioria dos Ministérios e particularmente nos do emprego e Segurança Social, da Saúde, da Justiça e da Educação;

·         Nas Autarquias Locais;

·         Nas Organizações Sociais não Lucrativas, Associações, Cooperativas e Sindicatos;

·         Nas Empresas;

·         Nas Organizações Sociais não Lucrativas